quinta-feira, 10 de junho de 2021

A garota da estrada de Barro

 

 


 

 

 

 


 

 

A garota da estrada de Barro

A GAROTA DA ESTRADA DE BARRO.

Ato até a estrada de Barro.

A vida com certeza é um emaranhado de estranheza que, tentar explica-la é um ato insano e extremamente incoerente. Como explicar algo que é antes de você e que jamais existiria no singular se não se revelasse em ti. Os seus termos são difíceis de compreender porque nessa se misturam o bom e mau, o bem e o mal, a vivência e a morte.

Tudo começa justamente quando nos damos conta da nossa existência, essa passagem do Letho (rio Leto, experiência da faze inconsciente) da qual participamos sem, porém, experimentar, aonde fomos assistidos mais não sem registrar nada, esta circula no tempo incompreensível do dia a dia que também é um mistério.

Não conseguimos dizer não a existência que de forma involuntária nos descobrimos nela, feroz e cruel, cheio de mistérios e dificuldades, e quando decidimos desistir dela apenas anulamos a nossa continuidade sem, porém, apagarmos a nossa existência, sem cartilha de sobrevivência e sem conhecimento prévio somos desafiados a vencer o jogo e a conquistar a simpatia das realidades. A vida parece ser tão esporádica que as suas regras fogem da nossa percepção e os encontramos nos apuros que a realidade nos impõe.                       

1987 foi o ano em que tudo começou, era o ano do meu despertar, sair do Letho para o submundo real se subscreveu com um trágico reclamar que depois fiquei sabendo que seria um choro. A minha existência era esperada pelos externos que hoje chamo de meus pais, estes são a razão das áreas cinzentas da minha vida que no decorrer das letras contarei para vocês.

Tudo que posso falar com certeza começa a partir de um período que eu chamo o período da minha verdadeira história, antes dela tudo que conheço de mim e sobre mim foi contado por terceiros. São acervos da minha confiança mais não das minhas experiências nela. Contar a minha história é mergulhar no rio de tristeza alimentado por gotas de lagrimas que como caneta soletram cada letra desse texto dramático. 

A história começa com a minha mãe muito tempo antes do meu nascimento, cada pedaço da sua história compõe o tecido da minha, em um subúrbio simples e pobre.                                                    Bela e linda era assim que as pessoas chamavam a minha mãe, seu olhar despertava, os deuses da sedução, e enciumava as concubinas dos haréns celestiais. Ela era uma típica mulher linda, todos os atributos da sua beleza eram, motivo dos cânticos dos bares e botecos da sua época, ricos e pobres se misturavam na ânsia de ter aquele presente de Deus como esposa e companheira, uns queriam desabrasar a fogueira da vênus apenas, outros queriam ostentar o privilégio de ser amado e contemplado.

Se dizia na época, quando ela passava as estações se confundiam, o outono invernava, e a primavera esquentava... uns diziam que o único qualificativo fácil de definir era a beleza porque todos os sinônimos davam para ela...Rosa. Esse era o nome da flor que transformava os asfaltos quentes em jardins refrescantes para os motoristas que suado paravam diante do encanto. Rosa casa comigo... por ti viajo o infinito e regresso... Eu daria as vestes de Deus nosso Senhor se preciso for...Eu pararia o tempo e enganaria as estações para mantê-la bonita e jovem. Deixa eu ser seu cobertor no frio e sua brisa no calor, meu amor... essas eram algumas palavras que viam em direção daquele ingênuo coração de Rosa. Havia, no entanto, um homem de poucas palavras com quem a Rosa tinha sonhos quentes e desbravavam os desertos da noite e enfrentava a maculação dos anjos da inocência e viajavam sob os tapetes insanos da ilusão entre os braços daquele misterioso, silencioso e poderoso senhor Mambu. Ele era filho da família mais rica da cidade os Próspero. Mambu Prospero era o oposto dos homens da cidade ele não se encantava com a Rosa e era de muito poucas palavras porem conhecido devido as suas investidas contra as mulheres.

Rosa deixa de ser burra você acha que não percebi o seu encanto pela sombração dizia a minha Avó, ele é bonito e poderoso, porém, a medida da sua maldade e insensibilidade é superior a essa casca que esconde o monstro dentro dele, ele é a cara do seu pai não carrega apenas o nome a natureza, os demônios e tudo. Toma cuidado não vai dizer que não te avisei e eu não quero problema. Tem homens bons aqui na cidade que vieram falar comigo sobre você.  Sabe o filho do senhor Makiese, e da comadre Mayange, fala muito bem de você diferente dos homens que querem apenas a simpatia do seu fruto proibido, ouça a sua Mãe aquele sim é um homem. Aquele Mambu não presta. Mas Mãe ele é muito bonito e forte disse a ingênua Rosa. Ele anda como um general conquistador tem pose de homem magnata ele é um home com H grande Mãe a Senhora me ensinou a sonhar grande e Makiese jr não é um sonho grande em lugar algum. 

Filha que grandeza você vê nele? Poder e dinheiro da família dele? Essas coisas não são a grandeza que te ensinei a enxergar. Que grandeza tem um homem que tudo que tem cabe no bolso? Grandeza está longe das coisas que possuímos meu amor. Grandeza anda grudado com a gente na vida e na morte. Lá vem a senhora com as suas palavras estranhas, é essa sua cabeça pequena que fez meu pai deixa-la e fugir com aquelazinha... me respeita e não fala o que não sabe. Uma pausa e silêncio se entre meteu na discussão, temo minha filha que estejas se comportando como aquelazinha.

Vejo que não tem idade suficiente para ver que está errada a forma como você vê a vida, as vezes me pergunto se Deus te deu beleza ou o diabo te lançou um encanto em forma de arte que impede os seus olhos de ver a boa Rosa que está além desse encanto dos bêbados e lascivos, você acha mesmo que a aparência é tudo? Rosa olha para mim, da onde tú achas que veio tanta beleza sua... olho para você e me vejo, ouço você e me preocupo porque é como o Eco da manhã dos meus dias de desperdiço, se retorcendo no passado querendo prender a minha linda menina, filha toma cuidado e ouça a sua mãe. 

Teimosa e destemida a ingênua Rosa ignora tudo que sua experiente mãe fala. Algumas semanas se passaram e finalmente Rosa se vê numa situação tão sonhada e desejada. Ela está diante do Mambu. Na feira em que ele foi expor algumas coisas de sua propriedade. Para sua surpresa o astuto Prospero apitou com o som mais desconhecido da região, Rosa.... Então você é a garota que mantem todos os homens acordados, sabia que você é o segredo que todos eles partilham? Do que você está falando estranho? Não soa bem esse nome, não acha? Replicou o Mambu eu sei o que as pessoas dessa cidade repugnante falam de mim sei que todos querem ser como eu com poder e pompa.     Falam mal de mim como se fossem imaculados quando no cerne de cada um apenas se destila o fluido do vinho apodrecido da ganancia e da inveja. 

Vejo que não tem tido bons dias Mambu... não dá para ter dias bons quando se é assunto todos os dias, como você aguenta? Finge que não ouve e que não se importa disse ela rindo de mansinho. Aceitas tomar um drink mais tarde? Eu sou uma dama não frequento lugares de homens bêbado. Então a astuta Rosa tem honra que interessante, parece que essa cidade é um enigma tanto quanto os seus moradores disse o arrogante e desejado da Rosa. Desse jeito o senhor me ofende, acha que sou esse tipo de mulher? Sem honra e respeito? Meus pais são pobres mais eles me educaram muito bem e saiba o Senhor que não tenho riquezas mais sou uma pessoa muito rica de virtudes e valores e agradeceria se me respeitasses. Olha só, iludida e astuta que nem a serpente, fala de riqueza fingindo ser virtuosa, escuta aqui garota eu não sou como aqueles bêbados que dormem com você, e trocam a fidelidade de seus leitos pobres por causa de uma miragem porque é isso que você é para eles uma miragem um desejo que jamais alcançarão. Achas mesmo que eu não percebo o seu olhar quando me corteja? O que está querendo comigo? Você não passa de uma mulher da taverna.... Ela interrompe as suas rudes palavras com um atrevido tapa que soou como um stop do tempo na feira. Todos os olhos se voltaram naquela cena que ninguém conseguia explicar. Escuta aqui me respeita o senhor não tem o direito de me ofender sem me conhecer acha que eu tenho medo do senhor ou de qualquer um que seja? O senhor é um bruto mal-educado seus pais não lhe ensinaram a compostura não? Rosa o que você está fazendo menina... interrompeu temeroso o gerente da feira o Senhor Mayele. Queira desculpar a ousadia da Rosa senhorzinho ela não mede as suas ações. A sua avó deve estar te esperando vai para casa menina…. Está tudo bem senhor respondeu o ofendido, eu é que devo desculpas ao contrário do que ela acha meus pais me educaram muito bem. Peço desculpa pelos meus excessos prometo não mais ofender a senhora e me manter afastado. 

Com sua licença. Desculpas aceitas se retirou então daquele lugar com mais raiva daquela linda e venenosa flor arquitetando uma vingança que mudaria a vida da Rosa. Menina toma cuidado esse daí respira veneno. Nunca são vencidos facilmente disse a dona Boca.... Não se esqueça do sangue que corre naquelas veias ele não presta muito cuidado “ O rio só consegue carregar grandes detritos porque os atrai pela canção das suas aguas, quando dão por si já estão longe do seu lugar” não acredita em nada do que ele disse e do viste aqui. Ela replicou mau humorada, com sua licença a dona deveria ir cuidar da sua vida e não ficar fazendo o papel de profeta ou conselheira... aliás se a senhora soubesse de tudo as suas filhas estariam bem encaminhadas. Que isso menina ficou maluca? Que insolente.    Espero que esse feitiço sara logo para não teres o mesmo destino das minhas filhas, a sua mãe é boa demais para carregar o mesmo sacrilégio que carrego.

Depois do incidente, Mambu havia sumido e Mamãe morria de saudade do amado desafeto, que irônico decidiu procurar trabalho na lojinha da dona Mayange. Começou a trabalhar como atendente para o desespero de Makiese que teria todos os dias a mamãe ao seu lado mais nunca tão perto. Fico imaginando como era o dia daquele homem que um dia significará tudo para a mamãe. 

Oi Rosa, fiquei sabendo que você foi valente contra o Mambu, disse o Makiese gaguejando... sempre tardio Makiese! Não sei o que a minha mãe vê em você, faz muito que isso aconteceu. 

Desculpa eu sou estava tentando conversar já que está tão distante, pois saiba que eu não estou aqui para conversar, eu fui contratada para trabalhar e não soube de nada sobre conversar com você fazer parte do meu trabalho. Ela está certa Kiese vai fazer o seu trabalho e deixa ela em paz... sim mãe. Soube que ele saiu da cidade, e volta hoje. Do que você está falando replicou ela? 

Essa saudade tem nome, embora que eu não goste dele você não para de pensar na besta, se quiseres ver ele vai até a estrada de Barro é o lugar aonde ele repousa quando volta da viajem. Kiese eu disse para deixa-la em paz... toma cuidado Rosa você está brincando com fogo vai se machucar feio. Ela deu um beijo no rosto dele disse que sabia se cuidar.

Após o expediente ela foi no caminho da estrada de Barro, decidida para pelo menos de longe ver o seu amado. De longe ele percebeu a aproximação dela e saiu ao seu encontro. Olá você por aqui? 




Ato Mergulhando na toca do inimigo 

É verdade que todos dizem a seu respeito? Que você é uma pessoa má, que não tem sensibilidade e que é tão superficial que não consegue enxergar além de um palmo do seu nariz? É verdade que é tão egoísta que seu mundo é tão pequeno que cabe no seu umbigo apenas? Porque se tudo isso for verdade ou eu sou pior do que você ou fui amaldiçoado pelo Eros por ter a sua flecha errado o alvo e me amaldiçoado com amor por você. Porque você está roubando o meu sono e o meu mundo não sossega. Como uma infestação o seu rosto é a imagem do sonho e seu nome é tema da canção nela e sua voz, essa voz rouca feia e assustadora é o timbre da melodia desse drama que vivo todas as noites desde o dia eu que vi você passar nessa mesma estrada de Barro. Se você é tudo isso que as pessoas falam eu estou desesperada porque te quero como a corça anseia por água, te desejo como o abutre se alucina em uma carniça eu sinto que vou me machucar por quebrar esse muro. Mas eu sou filho de Eva não sossegarei até saber como é essa fruta proibida chamada Mambu. Eu te quero.... É por isso que eu estou aqui. 

Mas o que você quer ao me querer? Você não deve estar lucida. Eu não sou nada do que esse povo fala eu sou pior e você não vai querer experimentar essa fruta chamada Mambu. Porque eu vicio... disse o desejado. Menos replicou eu sei que estou cega de amor por você, mais menos porque eu faço o que quero e estou aqui não pela sua beleza ou por uma qualidade sua eu estou aqui porque eu gosto de você e não porque você me fez gostar de você. Uau você é bem inteligente nas palavras, mas muito maluca da cabeça.

Desculpa a falta de educação aceita uma bebida. É o mínimo que posso lhe oferecer por teres sido corajosa e bondosa comigo. Todos têm medo de mim e da minha família, mas você é diferente é a única que me encara de frente e fala o que pensa e não mede o perigo riu o Mambu. Eu não vejo perigo nenhum em você acho que as pessoas construíram o Mambu paralelo que eles vejam quando você aparece é como uma estátua que as pessoas substituem como a expressão de um Deus que eles não conhecem de verdade e tudo que eles vejam é o reflexo do que eles construíram que por sua vez é o reflexo de suas subconsciências. Atônito Mambu perguntou o que você faz aqui nessa cidade que não te merece? Quem te ensina essas coisas que tu falas tão inteligentemente? Minha Mãe respondeu com um sorriso apaixonado eu não entendo nada do que falo mas acho bonito por isso repito o que ela me ensina se me pedires para traduzir não saberei ambos riram amigavelmente. Eu sou uma Garota para cidade grande disso eu não tenho dúvida um dia desses eu irei embora daqui.... Tenho muito para oferecer sinto isso desde que me conheço por gente. Sabes que na cidade grande você será apenas mais uma das muitas vidas irrelevantes que estarão buscando sei lá o que? Disse o Mambu. Na cidade grande as pessoas não são tão importantes assim, elas valem o que carregam, o têm para oferecer. O que você tem para oferecer Rosa.? Tenho a mim, eu sou o maior tesouro de mim mesma. Eu sei que não sou de se jogar fora. Rosa os olhares de motoristas bêbados, e caipiras desesperados por um pedaço de carne não se compara em nada com o acurado tato dos metropolitanos lá tem muitas Rosas e muitas que estão acima de qualquer Rosa. É bom ver que você tem uma autoestima boa mais não se engana a cidade grande pode ser bem mais perigosa do que se pensa. La tudo pode ser conquistado com muito sangue jorrado e sumir num estalar do dedo. É por isso que o filhinho de papai aqui decidiu se esconder aqui e se tornar rei na terra dos ninguéns? É assim que você vê a cidade que guarda o seu cordão umbilical? Vamos falar de algo mais empolgante? Tipo o que você pretende fazer depois de eu colocar o meu coração a disposição do seu amor? Para uma mulher de palavras bem colocadas tem um péssimo gosto na escolha de seus pares. Disse o desejado com um timbre sussurrante nos ouvidos da amada. Como uma fera Rosa se jogou nos braços do seu perigoso desejado e o beijou com muita paixão e inocência. Quando as coisas começavam a esquentar a Rosa se fez de difícil e começou a impor o seu jogo de felina indisposta e decidiu sair de cena deixando ainda transbordante de veneno, o seu macho.

Continua.......... 

 

O QUE É O AMOR?

 

O QUE É O AMOR?

Será um lugar de descanso?

Um abrigo na tempestade?

Um sorriso dado por acaso?

Ou um abrigo que nos mantém aquecidos de verdade?


Talvez seja como uma janela

Ou uma porta aberta sei lá

O fato é que ele nos convida para mais perto

E recusar o convite não dá


Bom para alguns é como uma nuvem

Que se dissipa ao sol mediano

Para outros é tudo que vivem

Uns afirmam que é a realidade de todo ano


Para outros ainda é tão forte como o aço

Incorpora-se num amigo abraço

E algumas vezes confundido com um caso

O fato mesmo é que é apelado em cada amasso.


Para alguns um modo de sentir, um hóspede que não se deve deixar ir

Outros então dizem que o amor é tudo, mas o fato mesmo é que não sabemos o definir.

O outro cantou que é dor que desatina sem doer,

e ferida que dói sem se ver


Algumas vezes é como o oceano cheio de conflitos de dor

Às vezes como frio gostoso no calor

Gritante como trovão quando chove

Mas decora de luz o coração que o vive


Para alguns o amor é não desistir

Mas algumas vezes é melhor deixá-lo ir

Às vezes é dor que só não sente os que morrem

Aparece mesmo quando as palavras somem


Talvez o amor seja apenas o Amor

Que toda tentativa de o saber apenas provoca dor

Se for como fogo ou calor não sei

Quando se tem apenas dizemos amei


Porque ela é a razão que a própria Razão

desconhece, não define e não aprisiona em conceitos.

É uma intrusa que chega com tão forte invasão

E quando se instala, permanece e tão forte o desejamos.


Por isso não me perguntem mais o que é o Amor

Apenas curtam a sua balada com ou sem dor.

Mesmo quando a emoção se emocionar com fervor

Não tornem a perguntar-me, apenas doem um pouco dele, por favor.